sábado, 1 de dezembro de 2007

Creem de la crème

Na América do final dos anos sessenta e em toda a extensão da década seguinte, uma revista de divulgação musical, assumiu-se como a única revista de rock n´roll da América: a Creem.

Saída pela primeira vez em Março de 1969, a revista acabou no final dos anos oitenta.

Em Dezembro de 1976, comprei um dos números, não sei bem porquê. Eventualmente, pelo aspecto gráfico que tinha o seu quê de interessante e pelas publicidades aos discos que iam saindo. Não foi certamente pelos escritos de Lester Bangs, um dos melhores críticos rock e não foi pelo conteúdo, acentuadamente rock, com tudo o que este conceito, abarcava: sex, drugs, and rock n´roll, principalmente. E carros, com páginas dedicadas aos "carros das estrelas". A Rolling Stone, na mesma época, mostrava de vez em quando, as "aparelhagens sonoras das estrelas", numa variação muito mais interessante, mas seguramente menos espectacular. Alice Cooper, em Novembro de 1975, apresentava o seu Chevy Bel Air, colheita de 57. Três anos depois, os Ramones apresentavam a sua máquina: um Ford Pinto, todo escaqueirado. George Clinton, o campeão do funk, na época de 1978, posou ao lado de um camião...de recolha de lixo.

Nessa altura, a minha revista preferida, sobre música, era a Rolling Stone, seguida pela Rock & Folk.

A Creem, vinha de Detroit, a cidade dos carros. Tal como a Rolling Stone, que era de S. Francisco e dava atenção primordial aos grupos musicais da zona, como os Jefferson Airplane e Grateful Dead, assim a Creem, abria as suas páginas aos MC5 e aos Stooges, acabando por influenciar a crítica europeia, da Rock & Folk. Alguns críticos desta revista, como Phillipe Manoeuvre, deliravam com os escritos de Bangs. Este, acabou por recolher, em 2003, as prosas dos setenta, dispersas por várias publicações americanas, em Mainlines, Blood Feasts, and Bad Taste ( Anchor Books).

















Na foto da esquerda, em baixo, o grupo Aerosmith, afina as poses de palco, tendo pousado um exemplar de outro jornal de referência, novaiorquino, o Village Voice, criado , além do mais, por Norman Mailer. Ao lado, um artigo assinado por Lester Bangs, um dos mitos da crítica rock, reverenciado por Cameron Crowe, no filme Quase Famosos, sobre este período da música popular norte-americana. Um filme primoroso, com uma banda sonora de luxo e um argumento adequado.




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