sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Raul Seixas


Durante o ano de 1973, no rádio de FM, na mesma altura em que passava música dos Secos & Molhados, um grupo brasileiro, inovador na pop/rock, com nome crismado por um português de Ponte de Lima: João Ricardo, começou a ouvir-se a sonoridade de outro brasileiro, de nome Raul Seixas.
O single evidente, Ouro de Tolo, era uma récita de um encontro improvável de segundo grau, com um fenómeno de então, o dos discos voadores, e de um leve surrealismo na linguagem poética, a lembrar o português O´Neill.

Essa música, de ascendência pop anglo-saxónica, como aliás todas as músicas do disco onde saiu originariamente - Krig-ha, bandolo!- era um lenitivo rítimico, com letra surreal e apelativa. E marcou durante décadas, nesse ano de 1973, com o baixo compassado e a rítmica ao sabor das palavras e secção de cordas, como um dos melhores singles de sempre, para o meu gosto.

O disco, já conhecido em mp3, comprei-o hoje em cd. Na mesma rima da estante da FNAC, outros discos do mesmo autor, todos de qualidade idêntica. As músicas do disco, são todas para ouvir, particularmente a que abre o lado um: Mosca na sopa, que também passava na rádio de então e de ritmo afro-brasileiro. E o rock Al Capone, também merece audição.
A imagem esotérica de Raul Seixas, encontrou eco num outro autor brasileiro de sucesso na escrita: Paulo Coelho. Ainda assim, a música suplanta em muito a temática, por vezes obnóxia do cantor falecido, há uns anos.

Dylan the illustrated record

Este livro em forma de disco LP, publicado nos USA, em 1978, era uma imagem a preto e branco, numa revista Rolling Stone. Felizmente que a ebay, permite estas recuperações do tempo.



Há igualmente um outro sobre os Beatles. Este, no entanto, tem a ver com Bob Dylan, recolhendo várias imagens da discografia do artista, com as capas em tamanho real, até 1978 ( Street legal). As duas imagens que seguem, são do início e de um poster de Martin Sharp, de meados dos sixties, publicado pela Oz.





domingo, 23 de novembro de 2008

Camarada ié-ié: So, this the real thing. Estes, são os verdadeiros plesidentes da junta de connoisseurs do fenómeno Beatle, em Portugal...






















Imagens da revista Domingo, do Correio da Manhã, de hoje.

sábado, 22 de novembro de 2008

O Álbum Branco dos Beatles



















Estas duas imagens, acima, são do disco original, versão mono, número 5 da série de vários milhares, em leilão agora mesmo e até amanhã, na ebay inglesa. As licitações já ultrapassam as 15 mil libras ( !) e com tendência para subir até amanhã. Segundo conta o vendedor ( de Linz, na Áustria), o disco foi recolhido por alguém que apareceu num quarto de uma habitação de Ringo, na altura ocupada por John Lennon. Após ter visto os discos empilhados, pediu um deles, ao que John Lennon não pôs obstáculos, a não ser para não lhe levarem o nº 1. Este é o nº 5...e a revista Mojo de Setembro de 2008, publicava um extenso artigo dedicado ao disco, com imagem do nº 6.

O Álbum Branco dos Beatles, faz hoje 40 anos, da sua publicação na Inglaterra. Por cá, demorou algum tempo mais.

A comemoração destas efemérides, da música popular, particularmente a dos Beatles, só começou há dez anos a esta parte.
Em 1978 ou em 1988, é em vão que se procurará nas revistas de especialidade ( Rock & Folk, Crawdaddy ou Rolling Stone), alguma referência às datas redondas da publicação do álbum branco. E nem sequer a do Sgt Peppers, dará muito que ler.
Portanto, desde há dez anos que a recordação, geralmente acompanhada de discos comemorativos, aparece em tom de nostalgia. A revista francesa Les Inrockuptibles, de 18 a 24 de Novembro de 1998, dedicava a sua capa branca e oito páginas ao disco.

Sobre o Álbum Branco, a sua republicação em cd, ocorreu já há muitos anos e em 1996, foi publicado também, pela Apple, etiqueta dos Beatles, uma compilação num cd duplo, ( The Beatles Anthology, 3) em que aparecem vários temas do disco em versões ainda de estúdio e de experimentação. Essas versões, no entanto, dão um retrato do processo de composição e uma dimensão da arte dos Beatles, em execução. Essa compilação que nunca saiu em Lp, na época ( a não ser em bootleg e sobre isso parece que até ainda existem outros), merece toda a atenção por isso: é o retrato vivo do work in progress que depois daria no Álbum Branco.

Sendo um disco Lp duplo, mesmo dos Beatles, em finais de 1968, teria um preço relativamente proibitivo para a maioria dos interessados. Restavam por isso, os singles.
Do álbum Branco, o single evidente e que mereceria a atenção, seria ob la di ob la da. ou While my guitar gently weeps. Mas nem esse saiu nesse formato, porque em Agosto de 1968, tinha saido Hey Jude, tendo no lado b, Revolution.
E no início de 1969, saiu outro LP, banda sonora de Yellow Submarine, este sim, um single evidente e que me lembro de cantarolar na época. Portanto, para estes esclarecimentos cronológicos, nada melhor do perguntar a especialistas...sendo certo que em finais de 1968, a música While my guitar gently weeps, figurava num hit-parade ad hoc, organizado pela revista Cine-Disco, com recolha de informação, nas principais discotecas de Lisboa e Porto.

Portugal, em finais de 1968, apresentava-se como um país em transição acelerada para uma Primavera que se chamou marcelista. Marcello Caetano, tomara posse como presidente do Conselho, nesse ano e fizera um discurso de posse em que mencionou expressamente " o surto de anarquia na juventude, contestadora de toda a autoridade e de toda a disciplina e que movimentos subversivos aproveitam para a obra de demolição de estruturas sociais." ( Vida Mundial, 6.XII.1968). Na mesma revista, numa extensa entrevista de Von Karajan, à Der Spiegel, o já celebrado maestro austríaco, mencionava também os Beatles, dizendo que "os ouvira e conhecia como ninguém". "Isto é, precisamente no que se refere a ritmo, pode aprender-se muito nesse aspecto, e queremos saber o que torna essa música tão atractiva para os jovens".

Por cá, em Portugal de finais de 1968, apareceu uma revista, quinzenal, esquecida de muitos e que se chamava Cine-Disco. O primeiro número, de Dezembro de 1968, ainda não mencionava o disco dos Beatles, mas no número 5 da revista, saído no início de 1969 ( Fevereiro) , a capa era-lhes dedicada, assim como uma tradução de Lady Madonna, por Dórdio Guimarães ( poeta então casado com Natália Correia).
Num hit-parade, do programa de rádio Em Órbita, dos melhores LP´s de 1968, o Álbum Branco, surge em...segundo lugar, atrás dos Moody Blues de In Search of the lost Chord.
Na última página da revista, surgem letras de canções desse disco, como Back in USSR, Piggies, Goodnight e Ob la di ob la da.




















Na revista Século Ilustrado da mesma época, o ambiente cultural e de costumes, com o afastamento de Salazar, começava a mudar e tal pode ver-se neste cartoon, publicado naquela revista em 17.8.1968, num canto da revista consagrado habitualmente ao "rock pop folk bossa soul jazz..." . Ao lado, uma página de outro número da Cine-Disco, com referência expressa aos cabelos compridos...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Cat Stevens


No início de 1971, havia uma canção que me lembro bem de cantarolar e querer cantar. Mal sabia a letra e nem sequer sabia o autor, verdadeiro, porque a conhecia na versão de Jimmy Cliff.
Wild World, era a canção de ritmo ainda desconhecido, vindo da Jamaica, já fixado como reggae. Eventualmente, acabei a cantá-la num grupo de música ad hoc, em festa de escola, enquanto procurava manejar as baquetas da bateria. A letra, tirada da revista Mundo da Canção, de Outubro de 1970, escrita num papel, tinha sido colada a um dos tontons, para facilitar a leitura num inglês ainda incipiente e de cópia na pronúncia de Jimmy Cliff.

Ainda nem sabia que Cat Stevens a tinha escrito, porque não ouvira o disco onde fora publicada, Tea for the Tillerman, de finais de 1970. A versão de Jimmy Cliff, curiosamente, é anterior.

Depois disso, lembra-me perfeitamente de ver na tv da época, no início dos anos setenta, num programa, apresentado por Nuno Martins, num jeito de dj de televisão, com pratos de discos à frente e auscultadores nos ouvidos, a menção a Cat Stevens, possivelmente no disco Teaser and the firecat, saído nesse ano.

Em 1971, Cat Stevens já tinha publicado vários discos, dois deles, os clássicos Tea for the Tillerman e Teaser and the firecat. São esses os dois principais discos de Cat Stevens. Depois disso, Catch Bull at four, de 1972, Foreigner, de 1973; Buddha and the Chocolate box, de 1974 e Izitso, em 1977, trazem algumas canções de interesse, cada um, mas nada de significativo, se comparado com aqueles dois.

A imagem é retirada do ebay e respeita ao disco Greatest Hits, de 1975. A publicidade a esse disco, com uma cor verde, num estilismo realçada em aerógrafo, é notável.