terça-feira, 30 de outubro de 2012

Observador, a revista de 1971


Em 19 de Fevereiro de 1971 saiu em Portugal esta revista que na época se constituiu como uma pedrada no charco da imprensa da época, um pouco conformista com o regime existente mas simultaneamente de oposição redactorial por serem de esquerda quase todos  elementos que então escreviam nos jornais e revistas mais vendidos. Vida Mundial, Flama , Século Ilustrado, etc. eram publicações de onde saíram anos mais tarde os esquerdistas da imprensa revolucionária do PREC de 1974-75.

O Observador, porém, não tinha essas características e fazia quase uma apologia do regime económico em que nos encontrávamos, com uma distância crítica ao regime político. Hoje seria uma espécie de Jornal de Negócios.
Um dos cronistas da revista era Vitorino Nemésio, hoje muito esquecido. "Se bem me lembro..."

A edição primeira cuja capa é acima mostrada tinha este editorial de Artur Anselmo. Quando lhe perguntaram numa espécie de diálogo socrático " qual a feição política da revista?" respondeu: Apenas a do interesse do povo português.


Noutro editorial do número 4 de 4 a 12 de Março de 1971, escrevia-se assim, como hoje não se escreve: 


sábado, 27 de outubro de 2012

Livros de bolso Verbo- RTP em 1970 e Europa-América em 1971

Esta imagem é um anúncio aos livros RTP, lançados pela editora Verbo em parceria com a estação de televisão em 1970. O anúncio foi publicado na revista Observador de 3 de Dezembro de 1971 e nessa altura os livros já iam nº 56, com A Vida é Sonho de Calderón.

O primeiro volume, Maria Moisés, de Camilo Castelo Branco,  saiu em 6 de Novembro de 1970 e custava 15$00, sendo oferecido o segundo volume. 

Vale a pena saber a história deste lançamento inédito em Portugal, no começo dos anos 70 do século que já passou. Tirada daqui:

Os Livro RTP são actualmente considerados um case study , estudado por muitos especialistas da área, pois os valores de tiragem que foram alcançados e as proporções que o projecto acabou por tomar foram completamente inéditos para a época. 
Esta colecção foi o maior espéctaculo que jamais uma editora nacional proporcionou ao público português! Ainda hoje, passados mais de 30 anos, em todas as feiras de livros usados e alfarrabistas, sem excepção, encontramos Livros RTP . 
Em 1970, em colaboração com a RTP, a Editorial Verbo lança a Biblioteca Básica Verbo – Livros RTP , uma colecção de livros de bolso. A ideia surge de uma experiência idêntica que se havia realizado, com grande sucesso, em espanha, com a televisão espanhola e uma editora madrilena.
 O então Presidente da Direcção da RTP, depois de uma viagem a Espanha, vem muito entusiasmado com a ideia e é dirigido um convite à Verbo para ser a editora portuguesa a participar neste projecto. 
Tratava-se de uma acção completamente inovadora no mercado português, da qual jamais, na altura, se teve noção da dimensão que o empreendimento iria tomar e na qual todos os detalhes foram cuidadosamente trabalhados. Foram estudados incansavelmente cada um dos 100 títulos a incluir; a periodicidade, acabando por se optar pela semanal; o papel a utilizar nos livros; a cartolina das capas; o tipo de letra; o formato do livro; o grafismo das capas (da autoria de Sebastião Rodrigues, o pai do design gráfico português) e a distribuição. 
Também na distribuição este projecto se revelou extremamente inovador. Montou-se uma rede de distribuição inédita, com 3500 pontos de venda (note-se que então o número de livrarias registadas não ultrapassava o 600), para o abastecimento dos quais a Editorial Verbo teve que reforçar a sua frota de transporte com oito novos furgões. O nosso slogan interno foi que tínhamos que ter um ponto de venda, devidamente abastecido, junto de cada televisor existente em Portugal. 
No fundo, o que se fez foi vender livros em locais onde tal nunca tinha acontecido antes, tais como quiosque e tabacarias, muito à semelhança das novas tendências do mercado . 
Também toda a publicidade a fazer na televisão e que era da responsabilidade da RTP, foi connosco discutida, estudada, realizada e programada. A Editorial Verbo previu quase tudo pensado que tinha previsto tudo e imprimiu 50.000 exemplares dos dois primeiros volumes (o segundo livro era oferecido na compra do primeiro). 
O que não previa era que esses 50.000 exemplares se iriam esgotar na própria manhã do dia do lançamento, 6 de Novembro de 1970, e que as pessoas os disputariam a murro nos armazéns da editora, a ponto de impedirem a entrada a um dos administradores da Verbo, porque as centenas de homens e mulheres que formavam fila para serem abastecidos pensaram que ele lhes ia passar à frente e tirar o lugar! 
Dos dois primeiros volumes - a novela Maria Moisés , de Camilo, e 100 Obras –Primas da Pintura Europeia – acabaram por se imprimir, à lufa-lufa, e vender 230.000 exemplares de cada. Em Outubro de 1972, do 100º título, Os Lusíadas , ainda se venderam mais de 100.000 volumes. 
Ao todo, durante aquelas cem semana, foram colocados em casa dos portugueses, ao preço de 15 escudos cada, mais de 15 milhões de livros, num país maioritariamente iletrado. E Bem necessários eles eram!: numa entrevista de rua que precedeu o lançamento, respondeu assim um transeunte ao repórter da televisão «Camilo castelo branco?, conheço, sim senhor; branco e tinto: Camilo Alves... sim senhor, mas eu prefiro Colares!»... 

Passados uns meses, em Abril de 1971 a editora Europa-América editava por sua vez uma colecção de livros de bolso com outro encanto gráfico e de apresentação. Comecei logo a coleccionar...porque tinha falhado aqueles da RTP.



Soft Machine- Bundles no Verão quente de 1975

No Verão de 1975 reparei neste disco dos Soft Machine cuja capa via a preto e branco, na Rock & Folk de Julho desse ano. Conforme anotei na página da revista ouvi o disco Bundles, todo instrumental e saído do jazz-rock, em 30.7.1975, no programa de rádio nocturno, Em Órbita.

O disco valia pela capa e pela música que então descobria por ler acerca da mesma nessa revista. Provavelmente terá sido a primeira vez que ouvi esse grupo de rock progressivo e a curiosidade era grande, tendo ficado no ouvido certa sonoridade desse disco particular. 
No final desse ano começava a ouvir Van Der Graaf Generator, com o lp Godbluff, saído em Outubro e começava então a aventura no rock progressivo apresentado e recenseado nas páginas da Rock & Folk geralmente por Jean Marc Bailleux.

Quanto a Bundles, só muito mais tarde, anos depois, vi a capa desse disco ao vivo e a cores e só agora o ouvi em lp. Por essas razões é um dos meus discos míticos. Já o tinha ouvido em cd mas não é a mesma coisa. Bundles é o título, é o disco é a capa e é a música e a imagem da Rock & Folk. Tudo junto e o ano de 1975, no Verão.


domingo, 21 de outubro de 2012

Don McLean e American Pie

Este é o disco original de Don McLean, American Pie. Lembro-me de ver esta capa com o dedo esticado e a alusão à bandeira americana num escaparate de discoteca, eventualmente durante o ano de 1972. O disco saiu originalmente em finais de 1971 e o single principal foi um sucesso.
Porém, Vincent, também contido no LP é outro smash hit que me lembro de ouvir e transcrever  a letra da música que vinha num número da Mundo da Canção de Maio de 1972.
Essa música, mais que American Pie, marcou o ano de 1972 a par de outras já elencadas por aqui, como por exemplo Rocket man, de Elton John; You´re so vain, de Carly Simon; Song sung blue, de Neil Diamond, A horse with no name e a sua toada afinada em mi menor e Heart of gold ou old man, de Neil Young, a par de Manassas de Stephen Stills. E ainda Son of my father dos Chicory Tip.
Sensivelmente na mesma altura ( Maio de 1972) saiu o disco dos Rolling Stones Exile on mn Street.
Por um achado de ocasião, por eventualmente a empresa Sonolar de Braga ter posters do disco para oferecer, acabou por me vir parar às mãos este pequeno poster ( em formato A3) e que durante alguns anos adornou o lado de dentro da porta do quarto:


Durante algum tempo ficou para ali, acompanhado por outros que apareciam na revista Tintin. Alguns anos depois, foi acompanhado por um poster a sério, em grande formato, aparecido no primeiro número da revista Lucky Luke, de Março de 1974: um desenho de Gir, representando o actor John Wayne, num filme de cowboys.