sábado, 29 de dezembro de 2012

Time e Newsweek


No início dos anos setenta dei em reparar nas revistas estrangeiras como estas: a Time e a Newsweek. Lembro-me que em 1971 encontrei um número perdido da Newsweek, sem capa,  já maltratado, numa mesa de sala de espera na escola onde então andava e...fiquei com ele. Foi esse o único furto que cometi em toda a minha vida. Acho que até me confessei disso. Ainda tenho esse número da revista.
 Assim, em Novembro de 1973 a capa da Time era uma foto assim, em close-up, de Nixon, às voltas com o escândalo Watergate. Lá dentro, a revista trazia um artigo sobre Portugal intitulado Unpleasant Dreams, a propósito das eleições e do caso das Três Marias. Comprei a revista que é esta:


Em seguida a Newsweek tinha um grafismo ligeiramente diferente da Time mas em Dezembro desse ano tentei-me pelo primeiro número que custou 20$00. A Time custava 17$50. Em Julho de 1975, porém, já custava 27$50.

Não apenas pelo preço mas pelos artigos e capas, ao longo dos anos comprei mais vezes a Time que a Newsweek e cheguei mesmo a assinar a revista nos anos noventa.

Agora que a edição em papel da Newsweek chega ao fim, é tempo de recordar as décadas de Time e Newsweek e alguns números que guardei dos muitos que comprei.


terça-feira, 11 de dezembro de 2012

O admirável mundo dos catálogos de livros

No final dos sessenta e início da década de setenta, as principais livrarias portuguesas publicavam catálogos em que mostravam a mercadoria que tinham para vender, no caso, livros.
Nessa altura fiquei fascinado pelos livros que via na montra das livrarias, particularmente as enciclopédias ou volumes de fascículos. Também as biografias e livros de História me interessavam e era um regalo poder passar tempo a mirar a montra bem ornamentada das livrarias de Braga, da rua do Souto, particularmente. Passava dias ( principalmente noites, antes de adormecer) a pensar nos livros que iria poder ver quando pudesse sair em férias, de Natal ou Páscoa ou mesmo "férias grandes". Antecipava esses dias de final dos sessenta  particularmente a partir de 1969, com gozo imenso em poder ver o último número da Mundo da Canção ou da Flama ou de publicações avulsas e livros nas montras. Os quiosques que havia na parte central da cidade, particularmente um que ainda existe, tal e qual o desse tempo, no final da rua de Sª Margarida eram um lugar mágico, para mim.
Como não podia ter todos os livros que via e me fascinavam, descobri um modo de poder olhar para os mesmos e sonhar em tê-los organizando listas mentalmente e por escrito. Comecei a pedir por escrito às editoras então existentes em Portugal, através de uma lista geral que vi numa revista, os catálogos gerais que tinham. E algumas começaram a mandar regularmente tais catálogos, pensando, se calhar que ali estava um cliente potencialmente interessado em encomendas por grosso...
Agradeço muito aos ingénuos das livrarias e editoras que então satisfizeram esse meu gosto particular e de grande satisfação intelectual.
Aqui ficam algumas imagens de alguns desses catálogos que recolhi nessa altura e que guardava como se de autênticos livros se tratasse.
A ideia, provavelmente ocorreu-me numa feira do livro que se realizou no mês de Junho de 1969 em Maximinos, tinha então 13 anos incompletos.
Um dos primeiros e mais desejados era este da editora católica União Gráfica que aliás editava a Flama. O catálogo de 1970 é este:

Havia outro porém, ainda mais interessante, da editorial Aster que tinha os livros que então me interessavam verdadeiramente:   biografias e segunda guerra mundial.Na feira do livro comprei a biografia de Rommel, general alemão da II Guerra mundial, adversário de Montgomery de quem o meu pai me falava das aventuras no Norte de África. Mais tarde, ao ler os Escorpiões do Deserto, historieta de banda desenhada de Hugo Pratt, publicada no Tintin belga de 1973, lembrava-me disso.

A par desses surgia uma espécie de folheto ilustrado que vinha com o Almanaque das Selecções de 1970 e que anunciava o livro que me tentava: grandes vidas grandes obras. E um microscópio fascinante. Por causa disse cheguei a comprar um mais pequeno, mas com três lamelas de especimens como asas de insectos. Para ver em cores de arco íris.

E a história da Segunda Guerra Mundial em três volumes muito bem apresentados. E ainda um globo terrestre iluminado. Objectos de culto para mim, na época. Há pouca coisa hoje em dia, época de abundância que me suscitem maior desejo de experimentar do que estas que então havia. Coisas simples e pequenas, mas de fascínio incrível.




Ainda em 1969, ou já em 1970, a Bertrand remeteu-me este, a par de outros nos anos a seguir ( a Bertrand era muito generosa a mandar estas coisas, e todos os meses ou quase mandava cartas, que hoje se poderiam chamar "newsletters" com informações sobre livros novos que saiam.

 Depois seguiram-se outros, como este da Verbo:



Com o anúncio a um livro de Marcelo Caetano que se confunde graficamente com um outro que saiu no início de 1974 chamado Portugal e o Futuro, da autoria de um certo Spínola. O grafismo e lettering da capa são muitíssimo parecidos e nunca vi nada nem ninguém a referir-se-lhe, embora me pareça que não terá sido por acaso...

Outras editoras de "nicho" como esta, Cosmos que se dedicava a livros de luxo também mandavam catálogos.



Uma livraria do Porto, chamada Civilização também mandou este catálogo de 1969


Mas em 1971 a Europa-América encheu-me de satisfação porque o pequeno catálogo que mandaram estava recheado de livros que só me apetecia ter, às dezenas, começando por uma obra em meia dúzia de volumes sobre a Segunda Guerra Mundial.


 A Bertrand, em 1972 mandou este com a figura do Padrinho, a publicitar o livro de Mario Puzzo.

 Na mesma edição aparecia o anúncio ao livro de Jacques Bergier, Despertar dos Mágicos que acabei de comprar à mesma Bertrand, na edição da Folio, por ser mais barata.
 O catálogo de 1973
 E o de 1974



A par de outros como o da Verbo de 72-73, de uma cor mais escura e tonalidade diversa da que aparece aqui, por defeito do scanner ( e da qualidade da cópia).


A Verbo vendia a célebre Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura que me fazia cair os olhos quando a via na estante da biblioteca onde vi pela primeira vez.A imagem da mesma está aqui, depois de quarenta anos. O sítio não é o mesmo, mas os livros são e a Enciclopédia lá está a par de outra que ainda me fascinava mais: a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, encadernada a preto e com rótulos encarnados.
Foi aí que vi pela primeira vez a palavra "vulva" e me impressionou o desenho...

Nessa mesma biblioteca impressionavam-me estes livros de Daniel Rops sobre a história do cristianismo.


A Verbo era por isso um mundo de livros.


 
 Havia ainda outros catálogos de outras editoras, como a Ulisseia


 Da d.quixote

 E até da Le Livre de Poche, distribuidos pela Bertrand.


domingo, 9 de dezembro de 2012

Jornal do Cuto, 1972

Há 40 anos havia uma revista de banda desenhada que me despertou a curiosidade, para além do Tintin. Tinha duas dúzias de páginas, todas a preto e branco, com excepção da capa e contra-capa, mesmo assim em paleta limitada. Por isso mesmo era mais barata que o Tintin. Custava 5$00 enquanto aquele ficava por 7$50 e as historietas eram de proveniência americana, mesmo do Sul, como era o caso de Cisco Kid, desenhado por Jose Luis Salinas. Tinha ainda histórias desenhadas pelos portugueses Eduardo Teixeira Coelho e Vítor Péon. E uma história de um romance histórico, de Alexandre Dumas- Os mosqueteiros do rei, o homem da máscara de ferro, ilustrada de modo soberbo por Arturo Castillo. Nessa mesma altura lia as aventuras dos três mosqueteiros que afinal eram quatro.
Em Janeiro desse ano decidi-me a comprar o primeiro número quando já ia no 30º com frequência semanal. E tudo por causa de umas páginas sobre um desenhador americano- Alex Raymond-  e que o mostravam em pleno exercício da profissão. O que verdadeiramente me atraiu foi a foto em que se via um estirador, com a tampa basculante. Fascinava-me a possibilidade de ter uma mesa de desenho assim. Nunca tive...



Imagens do Jornal do Cuto nºs 31 e 32 de 2 e 9 de Fevereiro de 1972.

Imagem dos Mosqueteiros do Rei, do Jornal do Cuto nº 33 de 16 de Fevereiro de 1972. O esquema clássico da banda desenhada- "...continua"- acompanhado pela interrogação sobre o que acontecerá a seguir era fatal para a leitura da semana seguinte.
Ainda assim, a revista não passou de meia dúzia de números, nas minhas mãos. O dinheiro não chegava para tudo e em 1972 dei em comprar a revista Vida Mundial. Semanal e dedicada a assuntos da actualidade política e culturais.