sábado, 29 de abril de 2017

Música em 1977

Há quarenta anos, nestes meses, recordo-me de ouvir estes discos no rádio.


O primeiro, de Roy Harper, Bullinamingvase, certamente passado por Jaime Fernandes num dos seus programas, viria a tornar-se disco do ano, para a revista Música&Som.
 Roy Harper era passageiro habitual nesses programas com música dos discos anteriores e particularmente de Valentine ou Stormcock ou particularmente HQ, de 1975,  muito escutado.
Quando saiu este disco nos primeiros meses de 1977 o título One of those days in England que passava logo na primeira faixa e depois no segundo lado, inteiro,  com as partes 2-10,  tornou-se um dos meus preferidos de sempre  da música popular.







O disco de Peter Gabriel era o primeiro a solo, depois de sair dos Genesis e apareceu também nesses primeiros meses, notando-se pela sucessão dos temas, com destaque para Solsbury Hill e o final majestoso Here comes the Flood.



A par desses e também através dos programas de rádio de Jaime Fernandes ouvia os Nitty Gritty Dirt Band, do album triplo Dirt, Silver and Gold que conjugava temas dos álbuns publicados até então, incluindo Uncle Charlie e o tema fabuloso Mr. Bojangles que adorava ouvir tal como a sonoridade acústica das guitarras que imaginava serem Martin e me fascinavam pelo design e pelo som.
 Tal sonoridade acústica repetia-se nos discos de Leo Kottke que também passavam assiduamente nesses programas, por exemplo com Pamela Brown.

 Nessa altura comprava a revista Rolling Stone que chegava Portugal com algumas semanas de atraso relativamente à data de capa.

A de 10 de Março desse ano tinha esta capa e o nome de Arlo Guthrie que já me interessava.


Na penúltima página vinha este anúncio que pela primeira vez mostrava alguns discos da NGDB, incluindo o célebre Will the Circle be Unbroken, também passado nos programas de Jaime Fernandes.





 O disco dos Wings era outro que me fascinava então pela capa e pelo conteúdo. Sendo triplo, tinha uma face acústica num dos discos em que Paul McCartney cantava temas antigos que nem conhecia, acompanhados com a Ovation, uma guitarra acústica saída nesse tempo.
 A sequência do lado três, começava com Picasso´s last words e Richar Cory que não conhecia e continuava com Bluebird, I´ve just seen a face, Blackbird e Yesterday. Imbatível. E o disco começava com as peças musicais de Venus and Mars que já conhecia do disco original.

A capa era um luxo gráfico, mesmo mostrada a preto e branco pela Rolling Stone de 27 de Janeiro de 1977



 O disco original mostra toda a beleza das cores subtis da pintura de Richard Manning:


 George Harrison, outro dos Beatles,  nessa altura era apenas uma lembrança do tempo dos Beatles e de My Sweet Lord, ouvido no início de 1971.
Nos primeiros meses de 1977 comecei a ouvir uma sonoridade langorosa de Dear One, do disco 331%3  e ouvindo o disco todo tornou-se um dos preferidos desse ano. Ainda hoje é um disco que se ouve muito bem.


Outro grupo inglês que então me impressionou, passados anos sem ouvir algo de interessante para além de Lola, foram os Kinks. 

Com o disco Sleelwalker, ainda hoje um dos preferidos do grupo, a sonoridade dos primeiros meses de 1977 estava quase completa.


E o anúncio na Rolling Stone de 24 Fevereiro 1977



Para além destes subsiste a memória de um som estranho vindo de algures e que dava pelo nome de L, do músico Steve Hillage que cantava uma canção de Donovan, Hurdy Gurdy Man e ainda outra It´s all too much, dos Beatles.

Provavelmente também já se ouviria a música de Steve Miller e a sua Band, com o disco Fly like an Eagle, muito escutado nesse ano e ainda agora.

E os Eagles de Hotel California, saído no final do ano anterior? Talvez. A New kid in town era um dos temas que passava constantemente na Rádio Popular de Vigo. Tal como The Year of the Cat de Al Stewart, da mesma altura.
E ainda Dave Mason e um disco ao vivo que tinha Take it to the limit daqueles mesmos Eagles.

Tudo sons de há 40 anos por esta altura...

sábado, 25 de março de 2017

This was Jethro Tull. Memórias



 Lembro-me de começar a dar alguma atenção à música de Jethro Tull aí pelo ano de 1973 ou 74, altura em que o grupo publicou o lp War Child.
Não porque esse disco fosse especialmente preferido mas porque permitiu descobrir músicas anteriores, de discos passados e de que tinha ouvido alguns temas, como Life is a long song  ou Bourrée e provavelmente a versão curta de Thick as a brick.
Jethro Tull era assim, para mim e nessa altura, um grupo de culto com uma imagem que ultrapassava a de outros grupos mais pesados na música rock. Tal se devia às poucas fotos que tinha visto do grupo, todas com indivíduos de cabelos mais que hippies e roupas a condizer com a moda desse tempo.
O grupo era conhecido em Portugal e o programa Em Órbita, muito popular entre quem se interessava por este género de música na época, em finais de 1970 apresentava o tema With you there to help me, do LP Benefit,  como uma das 15 melhores canções desse ano ( em número 9, sendo a primeira Bridge over troubled water de Simon&Garfunkel e a última Nothing that i din´t know dos Procol Harum) .
Em Março de 1971 o grupo era capa da revista Mundo da Canção e em 1 de Outubro desse mesmo ano fazia a primeira página do jornal Disco, música & moda, com uma entrevista de Grover Lewis, da Rolling Stone, embora na época tal não viesse sequer mencionado porque a bem dizer o artigo era uma súmula do original, publicado em 22 de Julho desse ano na revista americana de São Francisco. Provavelmente para fugir ao pagamento de direitos uma vez que não aparece qualquer menção da origem, a não ser o nome do autor, nem se refere qualquer acordo de colaboração com a Rolling Stone, ao contrário do que acontecia com o Melody Maker, New Musical Express e Disc and music echo, ingleses.


O jornal Disco, música & moda, então no seu 17 número, quinzenal, era propriedade de Jorge Beckman, dirigido por A. de Carvalho e editado por Eduardo Teixeira e era na época e a par do Mundo da Canção, a referência para quem queria saber algo da música que passava em alguns programas de rádio e não lia as publicações originais, como a Rolling Stone, Crawdaddy, aqueles jornais e outras Rock&Folk.  
A súmula que aparece no jornal é tradução do original em estilo Reader´s Digeste, condensado e merece a pena uma comparação entre ambos…tanto mais que o autor Grover Lewis foi um dos expoentes da nova escrita americana que despontava em revistas como a Rolling Stone ou a Esquire.







E a súmula do Disco, música & moda de 1 de Outubro de 1971, com chamada na capa e sem identificação da origem:



Em finais de 1975 apareceu o disco Minstrel in the Gallery e o rádio passava então, em certos programas, os lp´s completos. Foi o caso e lembro-me de começar a apreciar esse disco ao mesmo tempo que ouvia outros, também passados no rádio, geralmente à noite em programas como Boa Noite em FM, Banda Sonora ou Espaço 3p ou mesmo o dois pontos de Jaime Fernandes.



Foi assim que os lps Stand Up. Living in the past, Thick as a brick ou Aqualung e mesmo A Passion Play, passaram a ser muito lá da minha casa sonora.
Ao ouvir A Passion Play edit#8 anotei "any date"...mas skating away ficou bem escrito e inscrito no ouvido.

Houve um, porém, que não me lembro de ter ouvido nessa altura: o primeiro. This Was, de 1968.  E no entanto é dos mais interessantes em termos sonoros. 
A primeira prensagem da Island é esta:


Em 1976 a descoberta dessa música dos Jethro Tull continuou e nesse ano foi publicado o disco Too old to rock n roll too young to die que foi o último que verdadeiramente apreciei do grupo e cujas músicas já tinha ouvido antes de ver o disco com capa publicada na Rock&Folk de Junho de 1976.


Muitos anos depois disso vieram os discos, todos originais, de primeira prensagem inglesa, de preferência. E ultimamente o que mais gosto de ouvir é Benefit e a canção Inside. O disco começa com With you there to help me, que foi a escolha nº 9 do Em Órbita no final do ano de 1970. La boucle est bouclée.